Nosso Patrono
Aldo Cláudio Felipe Bonadei (São Paulo –SP 1906 – idem 1974). Artista, pintor, professor, artesão, figurinista, designer. Bonadei tem muitos.
O artista para quem pintar era um ato de amor. "Usem o pincel como se estivessem acariciando a tela", era o seu conselho frequentemente.
Professor seguro, pronto a transmitir todo o seu conhecimento de grande artista. Exigia, severo, muito exercício de composição e técnica apurada. Artesão cuidadoso com o material de trabalho, fabricava ele mesmo suas telas.
Quando iniciava um curso, era esta a primeira coisa que procurava ensinar aos alunos. Dava também conselhos que, aparentemente insignificantes, retratam o respeito pela profissão: pincéis lavados, palheta limpa, tubos de tinta fechados.
Costureiro, antecipador de moda, bordava à máquina com segurança, espontaneamente sem um risco prévio, transformando depois os tecidos criados em vestidos preciosos.
Acima de tudo o Bonadei humano, amigo certo. Alegre, conservador, culto, inteligentíssimo. O dos bate-papos prolongados, lá na Abolição, 194, apenas interrompidos para o cafezinho especial, feito por ele mesmo. Generoso, costumava presentear os amigos com seus valiosos quadros.
Entusiasta, às vezes criança ingênua, achava graça nas pequenas coisas como aquela pedra tão linda que, certa tarde, encontrara na rua, ao voltar para casa. Ele a tinha visto muito bem. No entanto não lhe ocorreu pegá-la. De noite, já deitado, lembrando-se dela, não conseguia dormir. E se a pedra sumisse? Se alguém a pegasse? A pedra agora lhe parecia perfeita, inestimável. Somente conseguiu se tranquilizar, dormir sossegado, depois de, altas horas, ir buscá-la lá na beira da calçada.